No próximo ano produtores de Mato Grosso devem pagar mais caro pela arroba do boi gordo caso não seja solucionado o apagão da cria
Pecuaristas da área de cria em Mato Grosso enfrentam dificuldades para impulsionar a atividade. Considerada como moeda da pecuária, esse subsetor enfrenta entraves como a escassez de bezerros, devido ao maior abate de fêmeas. Para entender melhor o que está acontecendo na atividade e propor soluções, foi realizada em Cuiabá esta semana o 1º Encontro de Criadores da Scot Consultoria, em parceria com a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat). No sistema de cria, os pecuaristas realizam a etapa da produção de bovinos, que apresenta o ciclo mais longo e têm limitações biológicas, o que impede que o período seja reduzido, além de ser manejado no pasto e depender das condições climáticas.
Mato Grosso tem o maior rebanho comercial do Brasil e além disso é um Estado onde a cria é valorizada, diferentemente de alguns estados, como São Paulo, que tem grande área recriadora e passar a ser um grande importador. Isso motiva a discussão na região. Presidente da Acrimat, Luciano Vacari comenta que o cenário atual em Mato Grosso é consequência de uma crise de 2010 que resultou no aumento do abate de fêmeas. “Para o próximo ano podemos esperar que o bezerro será um produto difícil de ser encontrado no mercado. Enquanto não for solucionada a questão do abate de fêmeas em grande escala teremos este cenário. Continuando dessa, forma o impacto será maior ainda nos próximos anos”.
Sobre o encontro, Vacari avalia como uma boa oportunidade para tentar resolver os problemas da cadeia produtiva de carne. “É importante por ser o 1º evento de grande porte com foco em cria no Brasil. Conseguimos reunir os melhores especialistas em cria do país, representantes da indústria, técnicos, além de pecuaristas de várias regiões produtoras. A interação é interessante para levar ao produtor o que ele vive na prática através de números. Dessa forma podemos contextualizar o que está acontecendo”.
Zootecnista da Scot, Gustavo Aguiar, afirma que o problema envolvendo o processo de cria não é novo no país e que a relação de troca entre o boi gordo e bezerro é reduzida com o passar dos anos. “Enquanto na década de 1970 foi possível adquirir, em média, 3,6 bezerros desmamados com a venda de um boi gordo, na década vigente, esta relação está, na média de 2,3 bezerros por boi. Temos um velho problema em um novo cenário”. Aguiar comenta que o crescente abate de fêmeas deve influenciar na diminuição da oferta de bezerros dos próximos anos. “Isso acontece muito em Mato Grosso, já que o rebanho atualmente é o maior do país e tem maior pressão de cria. Mas de modo geral é um problema nacional, já que o pecuarista acaba optando em não manter a vaca no pasto.
Para o especialista, o evento é contribui para decidir sobre o futuro deste mercado e agregar informações aos criadores. “Tivemos aqui pessoas capacitadas para colaborar com a discussão. Pretendemos realizar esse encontro anualmente, para a 1ª edição a escolha de Mato Grosso foi feita por diversos fatores, principalmente por ser um Estado com grande rebanho comercial e um grande exportador”. Para o zootecnista, o futuro da cria depende da pecuária de corte, de como resolverá os novos desafios, restrição na abertura de áreas e de altos custos de oportunidade”.
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